Dominando sobre uma colina calcária, integrava a chamada linha do Mondego e tinha como função a de guarda
avançada de Coimbra, à época da Reconquista. Juntamente com o Castelo de
Montemor-o-Velho, constituem o testemunho mais
expressivo de seu tipo, do período, na região. De seus muros descortina-se uma
bela vista da vila e, ao longe, toda a serra da
Lousã.
A origem da
sua toponímia é controversa, atribuída por alguns autores a primitivos povos celtas. Uma tradição
local refere que, quando da conquista por D. Afonso Henriques (1112-1185), ao penetrar na povoação por meio de um
estratagema, o soberano teria incitado os assaltantes exclamando:
Coragem! Já
estamos com o pé nela!.
No entanto, parece mais correto, compreender
Penela como um diminutivo de penha,
local eleito para a primitiva fortificação.
Acredita-se
que a primitiva ocupação da região remonte a povos pré-romanos, especulando-se
que a primitiva fortificação do local remonte a uma torre militar romana, com a função de vigia daquele
trecho da vizinha estrada que unia Mérida a Conímbriga e a Braga. Embora não
existam testemunhos materiais que permitam corroborar essa hipótese, também
permanece no plano das conjecturas uma possível fortificação do local à época
da Invasão muçulmana da Península
Ibérica.
O castelo
medieval
Aquando da Reconquista Cristã da Península Ibérica, os domínios de Penela
terão sido tomados à época da conquista de Coimbra pelas tropas de Fernando
Magno (1064). No ano
seguinte (1065) o monarca concedeu carta de povoamento a Penela, já
então murada, e a mais quatro povoações da região. No testamento do conde Sesnando Davides (1087), a quem o soberano entregara a
administração do condado Conimbricense, afirma-se ter sido o conde a povoar os
domínios do Castelo de Penela.
Acredita-se que datarão deste período as
sepulturas antropomórficas no interior das muralhas, junto às escadas do
castelejo
A ofensiva muçulmana que, em vagas
sucessivas conquistou e destruiu o Castelo
de Miranda do Corvo e causou o abandono do Castelo de Soure, terá ameaçado o de Penela. A
perda ou abandono da sua posição explicaria a conquista que é atribuída a D. Afonso Henriques em 1129, embora sem
fundamentação documental. As
fontes de que dispomos para o período são a Carta de Foral, outorgada pelo soberano em 1137, referindo o "castelo e seus
termos", e um instrumento de doação de uma casa "dentro do castelo",
com data de 1145.
O Rei D. Dinis terá sido o responsável pela edificação da torre de menagem e da cerca da vila, que remontam ao
início do século XIV. Aqui nasceu (e faleceu) o infante
D. Afonso, segundo filho do soberano, que viria a reinar sob o nome de Afonso IV de Portugal, o que atesta a sua importância.
Na crise de 1383-1385, o alcaide da vila e de seu castelo, o conde de Viana, tomou partido por Castela e, um
dia, quando saía para os campos em buscar de mantimentos, foi emboscado à porta
do castelo por populares. Tendo caído da montaria, um deles, que Fernão Lopes denomina como Caspirre,
degolou-o. E prossegue o cronista: "os
seus, quando o viram morto,
fugiram todos, e os da vila tomaram logo voz por Portugal”.
Posteriormente,
D. Pedro, duque de Coimbra, aqui empreendeu grande campanha de
obras, quando foram erguidos o paço ducal, e a Igreja de São Miguel, bem
como reedificados o castelejo e a Porta da Vila.
Porta da
Vila e Pelourinho
A vila ganhou ainda Carta de Feira (1433), a ser realizada anualmente no dia de São Miguel (29 de Setembro).
A vila e seu castelo foram elevados em 1465 a condado,
vindo D. Afonso Vasconcelos e Meneses a ser o 1° conde de Penela. Posteriormente, os domínios da vila passariam para a
Casa de Aveiro No reinado de D. Manuel I, o soberano outorgou-lhe o Foral
Novo (1 de Junho de 1514), período em que são promovidas
novas obras de reparo.
O castelo
alcançou o século XVIII tendo perdido a sua função
estratégico-defensiva. O terramoto de 1755 causou a queda da Torre de Menagem (Torre do Relógio) bem como a de uma das
portas da cerca. Para a reconstrução da torre, em 1760, foi
sacrificada a pedra da terceira porta do castelo. Nesse mesmo século, D. José (1750-1777) extinguiu a Casa de
Aveiro, até então senhora dos domínios da povoação e seu castelo
A antiga
fortificação chegou ao século XX em estado de abandono e ruína. Encontra-se
classificada como Monumento Nacional por Decreto de 16 de Junho de 1910. A intervenção do poder público
só se fez sentir, entretanto, a partir da década de 1940, quando se iniciaram diversas campanhas de
intervenção de consolidação e restauro, assim como de reconstrução, a cargo da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Desse modo, as muralhas e as
ameias foram refeitas, de acordo com os remanescentes, e desmanteladas as casas
entretanto adossadas às muralhas. A torre sineira, de construção setecentista,
foi apeada.
A partir de 1992, e já a
cargo do Instituto Português do Património Arquitectónico, procedeu-se à pavimentação dos
acessos e da circulação interior do castelo, à limpeza, recuperação e
consolidação das muralhas, e a beneficiação do caminho de ronda com a colocação
de passadiços que permitem o percurso pedonal na quase totalidade do seu
perímetro.
A ocupação desta fortificação
resume-se na actualidade à Igreja de São
Miguel e à casa paroquial /espaço
museológico.
Castelejo
Brecha das Desaparecidas
Características
Trata-se de
um Castelo de montanha, construído em pedra de granito. Ocupa uma área aproximada de meio hectare. Apresenta planta com o formato poligonal irregular, adaptada
ao terreno, com o aproveitamento do escarpado natural, disposta num eixo Norte-
Os panos de muralha têm alturas que
variam entre os 7 e os 19 metros, e trabalhos de construção desenvolveram-se em
duas etapas:- o século XIV, quando foi erguido o circuito das muralhas,
onde se conservam quatro das doze torres que a integravam; e
- o século XV, a que pertencem a Porta da Vila ou do
Cruzeiro (a Sudoeste) e o castelejo, evolução estrutural da antiga Torre de Menagem.
Subsistem
ainda a chamada Porta da Traição
ou dos Campos (a Nordeste), e os vestígios da Torre de Menagem, da qual pouco mais resta que uma porta em arco
e duas bombardeiras..
Na cerca de
muralhas, que envolvia a vila medieval, rasgam-se as duas portas remanescentes:
a "Porta da Vila", em arco pleno, no exterior da qual, em tempo de paz, se começou a
estender o arrabalde; e a "Porta da
Traição", aberta nos séculos XIII-XIV. Esta apresenta uma dupla
abertura em cotovelo integrada numa torre quadrangular, testemunhando a
permanência da tradição muçulmana na arquitectura militar portuguesa em fins da Idade Média. Reza a lenda local que,
ao tempo da Reconquista, D. Afonso Henriques conseguiu tomar o castelo de
emboscada, penetrando por esta porta, aberta pelos defensores para dar de beber
ao gado.
Porta da Traição
Por fim, a chamada "Brecha das Desaparecidas" constitui hoje a entrada mais franca
na fortificação. Aqui se abria a terceira porta, virada a sul, guardada pela
torre quinária, e que ligava o arrabalde mais directamente à igreja.
O conjunto
conta ainda com uma cisterna de planta quadrangular, escavada na
rocha, para a recolha e armazenamento das águas pluviais.
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